A carência afetiva pode trazer diversas consequências para quem sofre. O sentimento se caracteriza como uma dependência acima do normal em relação a outra pessoa e isso pode ser um problema crônico.
(Crédito: Cezar Fernando / Divulgação)
Ítalo Ventura, especialista em relacionamentos, diz que uma das bases desse "mal" aprendemos ainda na infância: “Desde criança, somos ensinados a ir à escola para estudar, crescer e ter uma casa, ter um trabalho, namorar, ter uma família. Nossa base de ensinamento é o ter e não o ser”.
Segundo o especialista, no Brasil, esse é um problema estrutural ainda mais grave, já que não temos nem a educação convencional de uma forma aceitável.
De acordo com a plataforma de atendimento online Fepo Psicólogos, 84,6% dos brasileiros já demonstraram algum nível de carência excessiva em um relacionamento.
14,6% afirmaram que este foi o principal motivo para terminarem na ocasião. A pesquisa foi feita com pessoas de 18 a 55 anos, das cinco regiões do país, no começo do mês de fevereiro de 2022.
A “cegueira afetiva” afeta diretamente a vida de quem sofre em todos os campos. "Tem pessoas que não conseguem se desprender da dependência da outra. Se questionam por que um affair não retornou uma ligação, porque amam e não são correspondidos e questões desse tipo", comentou o profissional.
Há sinais que podem identificar a carência afetiva. Entre as formas de demonstração estão o sentimento de carência e solidão após uma separação, que são cultivados e persistem por um longo tempo, o que pode ocasionar crises de ansiedade e depressão.
A carência afetiva pode ter consequências perigosas. "Um grande risco para quem é carente demais é o abuso. A pessoa esquece quem é e acaba tolerando maus tratos, agressão verbal e tolera o intolerável", disse Ítalo Ventura.
O problema leva quem sofre a uma interpretação equivocada do que é o amor. "O amor não é duro, ninguém sofre por amor, mas sim por carência, por idealização e expectativa. O amor é lindo. Eu gosto muito de uma frase: se não lhe der sossego, não é amor, é apego", disse.
Segundo o profissional, tem convivência, o olhar para o outro, conversas, saber lidar com coisas boas e ruins no dia a dia e todos os detalhes que preenchem e satisfazem os envolvidos. Isso, sim, é o amor verdadeiro.
Renata Moreira
Mafê Capelli
Rahabe Barros